Mostrar mensagens com a etiqueta Livros. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Livros. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

de volta a Bourdain...

"Não como em restaurantes com casas de banho sujas. Não é difícil de perceber. Eles deixam-nos ver as casas de banho. Se o restaurante nem se preocupa em mudar o desodorizante do urinol ou em manter as toalhas e o chão limpos, imagine qual será o aspecto do frigorífico ou dos balcões de trabalho. As casas de banho são relativamente fáceis de limpar. As cozinhas não são. Na verdade, se vir o chefe sentado no bar com a barba por fazer e um avental sujo, com o dedo enfiado no nariz, pode calcular como é que ele vai manusear a sua comida atrás das portas fechadas da cozinha."
in "Cozinha Confidencial" - Anthony Bourdain

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

António Pocinho, sempre.

\ cheque visado



Uma vez concluída a pós-graduação, os cursos de água são promovidos a Recursos Hídricos e os seres humanos passam a ser intitulados de Recursos Humanos. Esta promoção nas suas carreiras não afectará os seus percursos normais: de montante para jusante, entre os homens, e da nascente para a foz, entre os rios.
Dentro dos meus Recursos Poéticos, só tenho a declarar que prefiro as palavras que não acabaram o curso.


António Pocinho in os pés frios dentro da cabeça

terça-feira, 25 de março de 2014

                                                                                                                 ...
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.
...

em "Quase Um Poema de Amor"
Miguel Torga

terça-feira, 4 de março de 2014

Nova entrada na biblioteca - Poemas de Deus e do Diabo, José Régio

Nova entrada na biblioteca. E hoje, como sempre.















Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

A Caminho do fim?

É giro quando nos podemos começar a citar a nós mesmos, e trago à baila, a propósito de recentes notícias e mexidas no mercado editorial português (de que a recente saída da obra de Saramago da editora Caminho é caso mais recente e sonante), um post meu de Novembro 2008 aqui no blog, altura em que João Ubaldo Ribeiro saía da Dom Quixote. 
O título "Terá começado a deserção?" prenunciava algo que me parecia possível e perigoso com este aglutinar de editoras referenciais portuguesas pelo grupo Leya, que de facto trouxe descontentamento entre vários autores, de diferentes editoras que este grupo juntou. A postura sempre me soou a estratégia selvática de monopolização e eliminação de concorrência pelo método mais simples e óbvio: a aquisição em série de editoras, numa visão mercantilista da área livreira e que permitiria uma gestão fácil do produto, dos autores, das vendas, da promoção dos mesmos, e uma adulteração das regras básicas do mundo editorial. 

Ao fim de 5 anos, temos os resultados - uma generalização de mau-estar e desagrado de vários autores que se têm sucedido. A ver: Mário Carvalho havia já deixado a Caminho para ingressar na Porto Editora que reeditou recentemente a sua obra; Miguel Sousa Tavares sai igualmente com a sua obra (assim como a obra de Sophia Mello Breyner saíra da Caminho) e espelha bem o seu sentimento nesta entrevista ao Público - "a Leya partiu do princípio que juntando várias editoras faziam sinergias e conseguiam fazer melhor, mas isto não é como juntar as salsichas Nobre com as salsichas Aveirense”. Na sua opinião, este grupo “matou a identidade das editoras” que agregou desde a sua fundação, em 2008. “Não creio que o grupo Leya esteja vocacionado para a edição de livros.”

João Tordo também saiu para a Porto Editora, e agora Saramago (que, ainda vivo na altura da compra da Caminho pela Leya, curiosamente demonstrou desagrado juntamente com Lobo Antunes...) deixa a Caminho e Zeferino Coelho, editores de sempre do autor, também para a Porto Editora.

Pelos vistos, percebemos agora que sinergia é diferente de supressão selectiva, e penso até ser um bom sinal esta postura de autores que admiro e que põem a sua obra e a escrita acima de qualquer outro valor, e que não abdiquem da sua identidade parece-me uma louvável constatação. O posicionamento deste grupo Leya dá agora os seus inevitáveis podres frutos e a extinção de editoras que eles vêem como meras marcas dentro da sua lógica empresarial, será o caminho que me parece evidente, numa equação de "leia-se apenas o que se vende, e venda-se o que vende". O resto é carga morta que ficará pelo caminho, azarinho.   

Numa perspectiva mais profunda, é confrangedor o estado a que chegou o nosso sector livreiro, e a propagação de uma linha e lógica de vendas mainstream com uma oferta absurdamente limitada a poucos títulos, a adesão atomizante a pretensos best-sellers estrangeiros de literatura de cordelinho que enchem as prateleiras das nossas livrarias onde se torna uma missão cada vez mais impossível encontrar os nossos geniais autores que deveríamos estar a ler e que deveriam ter o destaque primordial e distintivo que merecem. A bem de nós, da nossa língua e da nossa cultura.  

foto http://abibliofila.blogspot.pt/
Por outro lado, começam a surgir novas investidas, pequenas editoras, pequenos focos de diversidade e vida que na minha opinião irão aumentar, editando novos e interessantes autores, e o público, assim espero, irá em busca deles como sempre, como dantes. 






E que venha de lá a saudosa livraria de rua, de bairro, selectiva na sua oferta, especializada no atendimento, que não tenha corredores de livrinhos dentro de saquinhos de tecido atados com lacinhos que por acaso trazem dentro umas letrinhas, mas que tenham apenas tudo o resto, a essência dos livros e da literatura...

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

a incapacidade de ser verdadeiro

"A Incapacidade de Ser Verdadeiro" - Carlos Drummond de Andrade por Antonio Abujamra

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

no outono...



...chega o frio e a chuva, o vinho tinto e a poesia...

"Amor como em casa"

Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.

Manuel António Pina, in Todas as Palavras

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

"A Máfia senta-se à Mesa - histórias e receitas da onorata societá" de Jacques Kermoal e Martine Bartolomei






Tinha trazido este livro da feira do livro já no remoto e saudoso ano de 2009 (quando ainda se fazia na Praça da República) por 2,5€, mais uma daquelas pechinchas perdidas pelos amontoados 
de livros à espera de olho cirúrgico. Ainda andam por aí alguns exemplares, que eu sei. 
Por coisas da vida, apenas tinha folheado aqui e ali, mas só agora li "A Mafia Senta-se à Mesa - histórias e receitas da Onorata Societá" com a devida atenção.

A originalidade do livro está na abordagem à gastronomia italiana e essencialmente siciliana, partindo do conhecimento acerca da máfia e dos seus principais actores, e de acontecimentos que a caracterizam ao longo da sua existência. Sempre numa perspectiva jogada à mesa, através do relato de encontros em que o acto de comer está presente de forma vincada, sendo um aspecto cultural profundamente enraizado no seu modo de estar e a que estes personagens dedicavam ritualidade, respeito e dedicação. É à mesa que, nestas organizações, muito se resolve, que muito se discute e decide, e também se percebe como a alimentação e a mesa servem quase sempre como veículo de emoções, vontades e expressam sentimentos ou reflectem e estabelecem patamares de poder, balizando as relações de forma subtil, revelando verdades acerca dos seres.

À mesa os anfitriões presenteiam, oferecem a sua generosidade, na forma mais pura ou nobre (ser o próprio a cozinhar a refeição é o exponencial máximo desse privilégio) mas também podem mostrar o reverso, subjugando, humilhando e inferiorizando o outro (mesmo quando esse outro possa ser Mussolini ou Frank Sinatra...) em situações profundamente confrangedoras e desleais. 
Os relatos têm por base a investigação jornalística feita pelos autores e decorrem ao longo da história desta sociedade mafiosa, com o enquadramento acerca dos participantes e do motivo de estarem juntos "à mesa" naquelas circunstâncias, sempre com a descrição pormenorizada do que foi a sua ementa, seguindo-se a das receitas que a constituem e vinhos que as acompanharam.
Aqui, os maus e vilões pousam a metralhadora e a soqueira para agarrar com requinte de verdadeiro gourmand, a faca e garfo e já agora, o copo de vinho. Ele há coisas!
  
Editorial Teorema
210págs
PVP: 13€

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A "Quinta de Contos" da Camaleão não pode acabar...

A notícia é triste e lamentável: a Camaleão, associação cultural de Coimbra, vê-se obrigada a suspender a iniciativa "Quinta de Contos" que promovia no Ateneu de Coimbra desde 2001, por falta de condições financeiras, sem qualquer apoio de outras instituições, sobretudo a CMC. 


A Quinta de Contos acompanhou a minha vida em Coimbra ao longo destes anos, e apesar de mais recentemente não ter possibilidade de ir, sempre ficava aquela nostalgia de querer ir, e de pelo menos, saber que lá estava, como um sonho bom.
Não sei quando foi a primeira vez, mas de certeza que terá sido mágica, como todas as outras que se seguiram.
A iniciativa da Camaleão no espaço do Ateneu de Coimbra é daqueles milagres que estão a um simples passo de nós, basta que subamos a escada junto ao largo da Sé Velha, para aquele mundo encantado. Assim, tão fácil e desgarrado, numa generosidade desmesurada de quem a fazia acontecer todos os meses. Assisti a momentos únicos de arte, convívio, comunhão em volta da palavra dita. Riso, comoção, gargalhada sincera e lágrima ao canto do olho, lições de vida, humanidade pura naqueles minutos em que os contadores se dispõem e entregam a dar um pouco de si, das suas histórias e de outros que lhes chegam ou até que inventam. Lembro-me bem da Helena (voz de algodão doce, de outro mundo), do Geraldo sempre com o humor afiado em notas de ironia genial (os dois principais impulsionadores do projecto, sempre presentes), dos convidados especiais: o Serafim, o Quico Cadaval, tantos outros, num espaço único e aconchegante que precisava também de ser vivido, de ser ocupado de vida, de companhia. E estas quintas eram também um pouco disso. Sempre acompanhado de um Porto ou um Favaios a preço de amigo, a noite iluminava-se naquele palco ao nível do chão, naquele calor de ouvidores que se juntava em grande número.
E sempre sempre, de forma gratuita. Talvez que se consiga retomar, mesmo sem apoio, não sei se com a cobrança simbólica às entradas (se soubesse que assim funcionava, sem qualquer apoio, teria tido todo o gosto em ter contribuído pagando algo à entrada), mas percebo que esse não é o espírito. Apesar de julgar que teriam a compreensão dos participantes e a adesão continuaria. 
Espero que alguma coisa se possa fazer, porque esta iniciativa não pode morrer, é muito, é demasiado o que se perde e espero que se consiga forma de continuar a desfiar contos e vida no Ateneu de Coimbra. Só uma vez por mês, mas que era tanto tanto.. numa cidade onde falta cada vez mais sonho e palavras de esperança.

Notícia aqui

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

À mesa, como na vida...

"S. E. Ruffini era um fino gastrónomo dotado de um apetite de passarinho; Don Calogero um comilão para quem o requinte de uma refeição contava menos que a quantidade de comida no prato.
A caldeirada de peixe branco tinha a untuosidade que deleitava o cardeal. Don Calo renunciara a servir-se da faca de peixe em benefício de um só garfo, mais um bocado de pão para arrastar.
(...)
A seguir à caldeirada vieram enrolados de carne com alcachofras e Don Calo contemplava o seu prato com o desespero de um glutão lesado por um gastrónomo. Terminado o almoço, prometeu a si próprio mandar servir no hotel Sole uma refeição à sua altura, com um bife de, pelo menos, quatrocentos gramas."
                    tirada do livro "A Mafia senta-se à Mesa - histórias e receitas da onorata societá" de Jacques Kermoal e Martine Bartolomei.

Uma das cenas em que a máfia, pela pessoa de Don Calogero, se senta à mesa do clero cúmplice, genial pela forma como apresenta e espelha esta tão distinta forma de comer, de olhar a comida enquanto acto social, no fundo, duas formas perfeitamente antagónicas de estar à mesa e na vida.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Biblioteca mais recheada...

Novas entradas na biblioteca! Finalmente, o tão procurado e difícil de encontrar "Livro de Bem Comer" de José Quitério, Assírio & Alvim 1987 e a "Arte de comer em Portugal na Idade Média" de Salvador Dias Arnaut, INCM 1986. Duas preciosidades, de que darei conta após deliciosa leitura.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A "pura falta" de Manuel António Pina

Na minha biblioteca socorro-me de Manuel António Pina e percebo que "Todas as palavras" apesar de tudo foram poucas, e que mesmo com o tanto que deixaste, tanta falta fazes cá. Apesar de tudo...


"A pura falta"


Tudo é sabido onde
alguma coisa fala de si própria
e de falar de isso
e de falar de falar.

Aquilo que está cada vez mais longe,
a pura falta de coisa nenhuma,
é o que Conhece e É
a sua indizível inexistência.

Nós, os maus, onde
                                         é fora de fora de tudo,
                                         eternamente regressamos
                                         ao sítio de onde nunca saímos.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

"As Esganadas" de Jô Soares

Jô Soares volta com novo policial "As Esganadas", pela Editorial Presença que também reedita toda a sua obra anterior. Num tom leve e divertido, apesar da temática do assassinato em série, Jô traz-nos um livro "fácinho" de ler em que o assassino é conhecido à partida, a sua motivação também e onde existem curiosidades interessantes para nós, portugueses.
Passado em pleno Estado Novo brasileiro, na ditadura de Getúlio Vargas (época que muito interessa ao autor) as referências a Portugal são muitas e diversas: desde o delicioso pormenor de as vítimas além de mortas trazerem à sua morte um qualquer doce português que lhes "enche as medidas" de uma ou outra forma; até à participação de um inspector português Tobias Esteves que Jô fantasia como sendo o próprio "Esteves sem metafísica" da Tabacaria de Álvaro de Campos, e que ajuda na investigação e captura do culpado, perfumando o romance com um humor non-sense constante; passando pela presença de Vasco Santana (apresentando uma revista à portuguesa no Rio Janeiro) ou Manoel de Oliveira (sim, o realizador) como corredor de automóveis no Circuito da Gávea. 
Uma escrita despretensiosa, bem humorada num enredo interessante e que nos envolve até chegarmos ao fim.

PVP 13€; Edição da Editorial Presença 2013


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

a poesia de Manoel de Barros

Diziam-me há uns tempos que isto agora é só tintos e morfes, defeito profissional justifiquei eu. Mas é facto (e Gil Miguel, não sei se continuas aí, mas espero que sim) que me afastei um pouco de outros temas, da vida real como dizem. Não é que julgue ter andado a perder grande coisa. Mas a poesia sim, confesso que às vezes ressaco dessa falta, talvez o meu eterno reduto, o meu vício visceral.
Por isso, a última compra para o meu esquisito imaginário pessoal: Poesia Completa de Manoel de Barros, pela Caminho.

Chegou até mim no Brasil, em dois pequenos livrinhos deliciosos (gastronomias à parte!) e deslumbrantes: Livro das Ignorãças e Ensaios Fotográficos. Não conhecia o autor, mas o objecto livro com aquelas ilustrações, agarraram-me no imediato. As palavras lá guardadas até hoje ficaram, duma singeleza infantil e poesia cristalina de grande assombro. Por isso, tinha de conhecer o resto, que é tanto.

A capa é esta 

POEMA
"A poesia está guardada nas palavras - é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado e chorei.
Sou fraco para elogios."

"Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria."

A mim basta-me, faz-me sereno e natural, como um regato por entre pedras. É isso, Manoel? Espero que sim...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Mariscos, os frutos do mar


A mais recente entrada na biblioteca (cada vez mais poeticamente gastronómica...), este "Mariscos, os frutos do mar" de Mário Varela Soares. Entre receitas e afins, retiro alguns apontamentos de uma interessante reflexão inicial acerca da alimentação e da vida actual, enfim do "mundo em que nós vivemos"...
Escreve ele:

"Estamos no reino da prestação, do nivelamento consumista, dos carros, dos artefactos televisivos, das máquinas, da aparência social do traje, do enfeite ou da marca: num espaço de incultura generalizada onde não se lê, não se conversa, não se pensa. Como se a trajectória da vida fosse um emprego, que não uma profissão, e o seu objectivo ir sacar à segurança social a sobrevivência da pensão."
"A comida quase que deixou de ser amigável, catalisadora do espaço de convívio ou da reunião familiar, para se resumir a uma mera ingestão de proteínas, vitaminas e nutrientes. Numa forma estandartizada em que o gosto já não é a alquimia dos tachos, mas a experiência dos laboratórios."

"Comer de pé voltado para uma parede contando os tostões e o tempo pode ser um acto de sobrevivência, mas não é um gesto humanizado."

"Os prazeres podem ser fortuitos, mas têm de ser digeridos, os alimentos podem ser simplistas, mas têm de ser saboreados. Por isso a refeição deve ser uma pausa contemplativa da nossa criatividade e do nosso poder de escolha. Uma pausa onde possamos exprimir, com gestos comedidos, toda a grandiosidade da existência."


"MARISCOS, os frutos do mar"
Mário Varela Soares
Colares Editora, 2000


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Abre teu peito
de par em par,
e deixa entrar
tudo o que
consigas,
nessa caixa
de costelas,
esterno
e clavículas,
onde guardas
ainda
o coração
(de duas
aurículas.)


21/01/08

quinta-feira, 2 de junho de 2011

1,2,3 clear... choc.

Tentarei reactivar o Livro de Assentar. É a segunda reanimação, agora com choques eléctricos...

Fiquei curioso, ao perceber a nova secção do blogger em que aparece a estatística do blog, e é espantoso. Não tinha ideia que ainda tinha tantas visitas (mesmo sem escrever nada há muito tempo, 200 visitas mensais em média).
E dá para saber até de onde vêm para aparecerem aqui.
E fiquei muito contente, por saber que o meu post com maior número de visitas de sempre é este:

E das duas uma, ou o livro é para muita gente uma obra-prima (como para mim...) ou há muito pouca informação na net sobre ele, e vem tudo parar aqui.
Seja como for, gostei.

quarta-feira, 31 de março de 2010

novas entradas na biblioteca

Últimas aquisições para a biblioteca gastronómica e afins...

ERVAS E MEZINHAS, na Cozinha e na Saúde
M. Margarida Pereira-Muller, Colares Editora

PVP 16€ na FNAC

Excelente livro, com todas as ervas aromáticas utilizáveis na cozinha que devemos conhecer, com características biológicas, história e receitas medicinais e culinárias. Um livro muito completo e simplificado, que já fazia falta...

VOLÚPIA (A NONA ARTE - A GASTRONOMIA)
Albino Forjaz de Sampaio, Notícias Editorial
PVP 13€ na FNAC

Um livro de 1940, com esta nova edição em 2000. Com vários textos em jeito de crónicas de gastronomia, histórias, passagens, receitas, passando pela tradição da cozinha portuguesa e a cozinha internacional. Um livro de uma figura de grande cultura e sensibilidade, que fixou em texto esse gosto e respeito pela mesa e pela comida.

domingo, 21 de março de 2010

primavera

Comecemos a Primavera como se deve começar. Comecemos com poesia, comecemos com Eugénio de Andrade.

ESCRITO NO MURO

Procura a maravilha.

Onde a luz coalha
e cessa o exílio.

Nos ombros, no dorso,
nos flancos suados.

Onde um beijo sabe
a barcos e bruma.

Ou a sombra espessa.

Na laranja aberta
à língua do vento.

No brilho redondo
e jovem dos joelhos.

Na noite inclinada
de melancolia.

Procura.

Procura a maravilha.

in Obscuro Domínio

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O Último Girassol

Hoje vomitei um líquido esverdeado
Eram as primeiras folhas
Estou prestes a florir

Jorge Sousa Braga, in "O Poeta Nu"