Encantador e impressionante, é incrível a beleza desta canção e deste poema. Sem palavras. Do disco "O Grande Medo do Pequeno Mundo"Flor Caveira.
Lenço Enxuto (Samuel Úria) Empresta-me os teus olhos uma vez Que os meus não são de gente, apenas rapaz. É só o tempo de me aperceber Da visão que se turva para ser de mulher. Empresta-me uma chávena de sal E mostra-me a receita do caldo lacrimal. É só o tempo de te convencer Que nem precipitado consigo chover. Não é um adágio que nos persegue, Que um homem só não chora porque não consegue. Empresta-me esse efeminado luto; Ser masculino é ter-se o lenço enxuto. É só o tempo de me maquilhar De pranto transparente (a cor de mulher). Não nasci pedra, nasci rapaz Que um homem só não chora por não ser capaz. Os homens fazem fogo, com dois paus eles fazem fogo. Por troca ensino-te a queimar. Tu és corrente e eu finjo mar Que um homem, para que chore, não pode chorar.
Gobi Bear, o ursinho que vem de Guimarães, é um projecto de banda de um homem só (ou de um só homem? qualquer coisa assim...) do jovem vimaranense Diogo Alves Pinto.
Com passagem por Coimbra, onde gravou as primeiras demos, lançou neste mês de Novembro o seu primeiro álbum: Inorganic Heartbeats & Bad Decisions pela Murmürio Records, editora independente de Coimbra, vejam bem!
Com influências assumidas e perceptíveis de Eels, Bon Iver a José Mário Branco ou Sérgio Godinho, apresenta uma sonoridade limpa que nos transporta para ambientes macios, nuvens de algodão doce ou insufláveis aconchegantes, piscinas com ursinhos de peluche, não sei se me faço entender. Enfim, universos quentes e fofos, mas nunca entediantes, antes complexos e depurados, belos e tocantes.
Mais um projecto muito interessante e a acompanhar com atenção, com muita qualidade e potencial para crescer e expandir horizontes, este ursinho merece destaque e amigos...
Acho que cheguei a Lou Reed através desta música, num videoclip onde ele aparecia vestido de galinha. E acho que é uma boa maneira de chegar a Lou Reed, ainda hoje... Modern Dance, do disco "Ecstasy" de 2000.
...Maybe I'm not cut out for city life the smell of exhaust, the smell of strife and maybe you don't wanna be a wife it's not a life being a wife...
O disco "Tasca Beat" dos OQUESTRADA, o segredo mais bem guardado de Portugal. Uma banda que tem andado por aí, há vários anos, entre salas de Paris e ruas lisboetas, decide agora gravar um disco. Um disco formidável, boa onda, com uma musicalidade curiosa e muito própria. Uma música onde tudo se mistura, tudo se encontra, com toques de Kusturica a Alfredo Marceneiro. Um acordeão desgarrado, uma guitarra portuguesa numa nova perspectiva e modo de tocar, uma "contrabacia", uma voz cativante. Até uma versão genial do "Killing me Softly" dos Fugees, em jeito de Yann Tiersen. Um disco altamente recomendado, a preço de amigo, que é sobretudo um exercício de profunda liberdade cultural e artística.
E se a MÍSIA gravasse uma versão de Love Will Tear Us Apart dos Joy Divison?! Não é possível, pois não?? Mas aqui está. Sairá no novo disco duplo "Ruas". E não, não é a Maria Callas, é mesmo a Mísia...
O mais recente disco que anda comigo, SOLO de ANTÓNIO PINHO VARGAS. É simplesmente fabuloso. Um disco verdadeiramente a solos de piano, repleto de emoções e que nos transporta para sítios bonitos e sonhantes, fora da realidade mais monótona e banal. Composições de uma grande densidade, com uma beleza desconcertante, e uma alma muito própria e resplandecente, e chega de tanto "ente e ante".... Com nomes que vão de "Dança dos Pássaros" a "Casa de Granito No Minho" ou mesmo simplesmente "Tom Waits", este é um grande grande disco, de um grande grande senhor e que devem ouvir. Dificilmente sairá da minha companhia.
Aqui têm o site do senhor, muito completo e até com registos de música em mp3. Também há vídeos no youtube, claro!