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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

"O poema ensina a cair" - Expresso

O projecto do Expresso "O poema ensina a cair" mostrou ao longo do ano poetas portugueses publicados mas desconhecidos. "Uma janela com vista para versos em português, ditos por poetas."

A acompanhar aqui

http://videos.sapo.pt/JqLJJk4E2ZVCOv3ILu2F

"Escreve sempre que precisares de me dizer que há gelo nas tuas mãos" por Margarida Ferra.



quinta-feira, 27 de novembro de 2014

António Pocinho, sempre.

\ cheque visado



Uma vez concluída a pós-graduação, os cursos de água são promovidos a Recursos Hídricos e os seres humanos passam a ser intitulados de Recursos Humanos. Esta promoção nas suas carreiras não afectará os seus percursos normais: de montante para jusante, entre os homens, e da nascente para a foz, entre os rios.
Dentro dos meus Recursos Poéticos, só tenho a declarar que prefiro as palavras que não acabaram o curso.


António Pocinho in os pés frios dentro da cabeça

terça-feira, 25 de março de 2014

                                                                                                                 ...
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.
...

em "Quase Um Poema de Amor"
Miguel Torga

terça-feira, 4 de março de 2014

Nova entrada na biblioteca - Poemas de Deus e do Diabo, José Régio

Nova entrada na biblioteca. E hoje, como sempre.















Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

tiradas de música

... Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais

Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo mais fundo
Tins e bens e tais

Caetano Veloso, 1984

domingo, 22 de dezembro de 2013

O "Lenço Enxuto" de Samuel Úria ou a grande poesia do pequeno mundo...

Encantador e impressionante, é incrível a beleza desta canção e deste poema. Sem palavras.
Do disco "O Grande Medo do Pequeno Mundo" Flor Caveira.


Lenço Enxuto (Samuel Úria)

Empresta-me os teus olhos uma vez
Que os meus não são de gente, apenas rapaz.
É só o tempo de me aperceber
Da visão que se turva para ser de mulher.

Empresta-me uma chávena de sal
E mostra-me a receita do caldo lacrimal.
É só o tempo de te convencer
Que nem precipitado consigo chover. 

Não é um adágio que nos persegue,
Que um homem só não chora porque não consegue.

Empresta-me esse efeminado luto;
Ser masculino é ter-se o lenço enxuto.
É só o tempo de me maquilhar
De pranto transparente (a cor de mulher).

Não nasci pedra, nasci rapaz
Que um homem só não chora por não ser capaz.

Os homens fazem fogo, com dois paus eles fazem fogo.
Por troca ensino-te a queimar.

Tu és corrente e eu finjo mar
Que um homem, para que chore, não pode chorar.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

tiradas de música

... Tu tens fortuna e eu não 
Podes comer salmão e eu só peixe miúdo 
Mas temos em comum o facto de ambos vermos 
A vida por um canudo 
Invertemos a ordem dos factores 
Pusemos números à frente de amores 
E vemos sempre a preto e branco o programa 

Que afinal é a cores.

Jorge Palma, 1982

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

a incapacidade de ser verdadeiro

"A Incapacidade de Ser Verdadeiro" - Carlos Drummond de Andrade por Antonio Abujamra

terça-feira, 19 de novembro de 2013

tiradas de música


... Quem poderá fazer

Aquele amor morrer
Se o amor é como um grão!
Morrenasce, trigo
Vivemorre, pão


Drão

Gilberto Gil, 1981

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

no outono...



...chega o frio e a chuva, o vinho tinto e a poesia...

"Amor como em casa"

Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.

Manuel António Pina, in Todas as Palavras

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A "pura falta" de Manuel António Pina

Na minha biblioteca socorro-me de Manuel António Pina e percebo que "Todas as palavras" apesar de tudo foram poucas, e que mesmo com o tanto que deixaste, tanta falta fazes cá. Apesar de tudo...


"A pura falta"


Tudo é sabido onde
alguma coisa fala de si própria
e de falar de isso
e de falar de falar.

Aquilo que está cada vez mais longe,
a pura falta de coisa nenhuma,
é o que Conhece e É
a sua indizível inexistência.

Nós, os maus, onde
                                         é fora de fora de tudo,
                                         eternamente regressamos
                                         ao sítio de onde nunca saímos.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

a poesia de Manoel de Barros

Diziam-me há uns tempos que isto agora é só tintos e morfes, defeito profissional justifiquei eu. Mas é facto (e Gil Miguel, não sei se continuas aí, mas espero que sim) que me afastei um pouco de outros temas, da vida real como dizem. Não é que julgue ter andado a perder grande coisa. Mas a poesia sim, confesso que às vezes ressaco dessa falta, talvez o meu eterno reduto, o meu vício visceral.
Por isso, a última compra para o meu esquisito imaginário pessoal: Poesia Completa de Manoel de Barros, pela Caminho.

Chegou até mim no Brasil, em dois pequenos livrinhos deliciosos (gastronomias à parte!) e deslumbrantes: Livro das Ignorãças e Ensaios Fotográficos. Não conhecia o autor, mas o objecto livro com aquelas ilustrações, agarraram-me no imediato. As palavras lá guardadas até hoje ficaram, duma singeleza infantil e poesia cristalina de grande assombro. Por isso, tinha de conhecer o resto, que é tanto.

A capa é esta 

POEMA
"A poesia está guardada nas palavras - é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado e chorei.
Sou fraco para elogios."

"Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria."

A mim basta-me, faz-me sereno e natural, como um regato por entre pedras. É isso, Manoel? Espero que sim...

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Abre teu peito
de par em par,
e deixa entrar
tudo o que
consigas,
nessa caixa
de costelas,
esterno
e clavículas,
onde guardas
ainda
o coração
(de duas
aurículas.)


21/01/08

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A utopia das Cores (do fundo do baú...)

Zacarias, o Zepelim amarelo
Expelindo uma fumaça multicor
Atravessa o céu, verde de raiva.

Martins, o Cavalo escrivão
Logo espreitando a zunideira
Empurra os óculos para perto da cara
E eloquente:
- Aquele Chico não endireita!

Ali, toda a gente sabia.
Chico, o Macaco gasolineiro
Sempre tinha uma mania sem emenda
E dava em atestar com latas de arco-íris
Em vez de gasolina.

Osvaldo, o velho Mocho
já sentenciara peremptório:
Chico era um utópico da cor!

30-10-2007

domingo, 21 de março de 2010

primavera

Comecemos a Primavera como se deve começar. Comecemos com poesia, comecemos com Eugénio de Andrade.

ESCRITO NO MURO

Procura a maravilha.

Onde a luz coalha
e cessa o exílio.

Nos ombros, no dorso,
nos flancos suados.

Onde um beijo sabe
a barcos e bruma.

Ou a sombra espessa.

Na laranja aberta
à língua do vento.

No brilho redondo
e jovem dos joelhos.

Na noite inclinada
de melancolia.

Procura.

Procura a maravilha.

in Obscuro Domínio

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O Último Girassol

Hoje vomitei um líquido esverdeado
Eram as primeiras folhas
Estou prestes a florir

Jorge Sousa Braga, in "O Poeta Nu"

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Salgam-me os pés de estar vivo, nessa frieza rude de lastro
sob essa água que me leva o galope em raios de sol
até tílias abandonadas.
É nas suas folhas graves e caídas
que me sinto eu.
É nesta infusão de clorofila, sal e quietude
que me mergulho,
até me diluir durante cinco perfeitos minutos
em águas que não são minhas.
E sirvo-me bem frio e salgado a quem quiser.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

POEMINHA DO CONTRA

Todos esses que aí estão
atravancando meu caminho,
eles passarão...
eu passarinho!

mário quintana

sexta-feira, 3 de abril de 2009

5. A GULA
Comemos vegetais e animais.
Bebemos vinho.
Respiramos fundo.
Somos normais. Apenas
devoramos o mundo.
José Carlos Ary dos Santos

domingo, 8 de março de 2009

José Carlos Ary dos Santos escreveu "As Sete Virtudes Filosofais ou A Alquimia dos Poetas", uma série de 7 poemas. Começo por este, porque sim.

7. A PREGUIÇA

Este
lento
talento

de vazarmos tristeza.