"S. E. Ruffini era um fino gastrónomo dotado de um apetite de passarinho; Don Calogero um comilão para quem o requinte de uma refeição contava menos que a quantidade de comida no prato.
A caldeirada de peixe branco tinha a untuosidade que deleitava o cardeal. Don Calo renunciara a servir-se da faca de peixe em benefício de um só garfo, mais um bocado de pão para arrastar.
(...)
A seguir à caldeirada vieram enrolados de carne com alcachofras e Don Calo contemplava o seu prato com o desespero de um glutão lesado por um gastrónomo. Terminado o almoço, prometeu a si próprio mandar servir no hotel Sole uma refeição à sua altura, com um bife de, pelo menos, quatrocentos gramas."
tirada do livro "A Mafia senta-se à Mesa - histórias e receitas da onorata societá" de Jacques Kermoal e Martine Bartolomei.
Uma das cenas em que a máfia, pela pessoa de Don Calogero, se senta à mesa do clero cúmplice, genial pela forma como apresenta e espelha esta tão distinta forma de comer, de olhar a comida enquanto acto social, no fundo, duas formas perfeitamente antagónicas de estar à mesa e na vida.
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