terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Rotina

Ficámos estupidamente
prudentes.
Balizamos as nossas vidas,
numa nesga restrita
de banalidade.
Cumprimos horários,
rotinamos relógios.
Engavetámos o improviso,
a surpresa e a criatividade.
Encarreiramos, enfileiramos
Aninhamos, encarneiramos.
Encarquilhámos o sorriso.
Esquecemos a alegria.
Domesticámos as emoções.
Temos carros, casas,
electrodomésticos.

Temos empréstimos. Muitos.
Temos filhos. Controlados
e distantes.
Conhecemos um só caminho,
ida e volta.
Repetido até à exaustão.
Foi isto que conquistámos afinal:
A liberdade de ser
absurdamente inexistentes.

07-12-2007

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