segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Starman - Lado A

Starman - Lado B

Conhecia a belíssima versão de Seu Jorge, mas confesso que nunca esperei viver para encontrar isto. Versão por Nenhum de Nós, no remoto ano de 1989 (Seu Jorge perde a originalidade...) Lindo!

domingo, 15 de fevereiro de 2009

OBRIGADO MEU AMOR, OBRIGADO.

Recebi um livro de ti. Este, de Fernando Alves dos Santos, figura muito pouco conhecida do movimento surrealista em Portugal. Não conhecia. Conheço agora. Obrigado...
OBRIGADO
A hora vai outono dentro
(como é tarde...!)
quando
a pouca distância dos meus olhos
a minha infância derramada nos segredos da noite
espera uma palavra que toca a fechadura da minha porta de ferro
Divagando,
com um magnífico pôr de sol nas algibeiras,
pela charneca florbela (que me falou no berço)
o céu deslumbrado oferece à nossa existência
um deserto de leitos.
Obrigado meu amor, obrigado
Pelo medo da tua morte,
pela paisagem rara de humanidade,
pelos longínquos sopros do silêncio: - OBRIGADO.
Pela bela agonia do que existe,
pelo esplendoroso mar que sinto a transbordar nas trevas,
pelos relâmpagos gerados no horizonte,
pelas minhas longas mãos em torno do teu leito,
pela espuma que projecto nas estrelas,
OBRIGADO MEU AMOR, OBRIGADO.
Fernando Alves dos Santos

Em nome da Rosa...

Infelizmente, com muita pena minha, não tive possibilidade de me juntar às 1300 pessoas que estiveram hoje no choupal, no cordão humano que o tenta segurar intacto... É que, outra rosa falou mais alto, ao coração. Rosa, a minha avó que faz 80 anos hoje mesmo. Estou certo que em 1929 haveria muitos mais choupais, lindíssimos, frescos e verdes, e talvez mesmo que lhes dessem nessa altura o seu devido valor. Nunca, como hoje, e numa sociedade que cada vez mais ignora e despreza os seus velhos e avós e ao mesmo tempo desbarata ambientes naturais, não acarinha ou defende os espaços verdes que teimam em não desaparecer, teria querido o dom mágico da ubiquidade, nem que fosse por aquela breve horita de mãos dadas, porque 1301 seria sempre melhor e mais sólido o cordão. Esperemos que tenham sido os suficientes, meus bravos defensores do futuro...
(Agora, precisava de uma foto bem bonita desse instante, para pôr aqui no blog. vou à procura...)

WORLD PRESS PHOTO 2009

Conhecidos os vencedores do WORLD PRESS PHOTO de 2009. Como ainda não consigo obter as fotografias premiadas este ano através da net, aqui ficam as ligações para as mesmas, no próprio site da WPP. Não sendo a fotografia vencedora a minha preferida, adorei esta, acho esta simplesmente brilhante, uma obra-prima esta sequência, e arrepiante a banalidade da morte nesta. Resumindo, vale a pena parar uns minutos para ver e reflectir sobre todas elas...
E por fim, um verdadeiro e arrebatador conto de fadas.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

porque tinha de ser, claro está...

AMOR
Vamos brincar, amor? vamos jogar peteca
Vamos atrapalhar os outros, amor, vamos sair correndo
Vamos subir no elevador, vamos sofrer calmamente e sem precipitação?
Vamos sofrer, amor? males da alma, perigos
Dores de má fama íntimas como as chagas de Cristo
Vamos, amor? vamos tomar porre de absinto
Vamos tomar porre de coisa bem esquisita, vamos
Fingir que hoje é domingo, vamos ver
O afogado na praia, vamos correr atrás do batalhão?
Vamos, amor, tomar thé na Cavé com madame de Sevignée
Vamos roubar laranja, falar nome, vamos inventar
Vamos criar beijo novo, carinho novo, vamos visitar N. S. do Parto?
Vamos, amor? vamos nos persuadir imensamente dos acontecimentos
Vamos fazer neném dormir, botar ele no urinol
Vamos, amor?
Porque excessivamente grave é a Vida.
Vinicius de Moraes

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

como o telemóvel se torna demodé em portugal...

Nós, portugueses, somos bons, mesmo mesmo bons, é a fazer isto. Na Europa ninguém nos bate... E já agora, também somos os maiores nisto... Ah pois é. Estou deveras ansioso por saber das estatísticas a respeito da nova coqueluche dos lares portugueses, o LCD. Temos de começar a meter estes dados na OCDE, a ver se ficamos melhor na fotografia...

MEDO e MARIQUICE

Muito se tem falado de medo, a propósito das polémicas dentro do partido actualmente no Governo, medo de falar, medo de ter opinião própria, medo da máquina aparelhista, etc. Os meninos que se entretenham a discutir palermices, mas MEDO, medo sério e que me preocupa verdadeiramente é este. O medo de 18669 seres que precisaram (ou melhor, conseguiram) recorrer à APAV em 2008, em Portugal. O número impressiona, e não devemos cair no erro de tentar diminuir o seu significado e peso, como tenho ouvido, argumentando que a diferença é, não o aumento de casos, mas a percentagem da sua denúncia pública. Pode até ser verdade. No entanto não devemos, não podemos desprezar esta realidade. Um outro estudo recente mostrava também um aumento e uma certa "banalização" de violência e maus tratos entre jovens casais de namorados desde a adolescência, e também o registo de preocupantes casos de violência sobre idosos, sobretudo pelos próprios filhos. Há necessidade de analisar, discutir e combater sériamente estas questões, e reflectir num plano concreto e eficaz para prevenir esta triste realidade, que até pelos cambaleios económicos da nossa sociedade que se avizinham terá de ser necessariamente tida em conta. É com este tipo de MEDO que nos devemos preocupar.

Para além disso, é bom perceber (como eu...) que talvez nunca tenhamos acedido ao site da APAV. É magnífico e útil, tem tudo, tudo sobre o tema.

Nunca é demais lembrar a linha de denúncia da APAV: 707 2000 77 ou apav.sede@apav.pt
Ou até a possibilidade de denúncia electrónica directamente no site https://queixaselectronicas.mai.gov.pt/ do Governo.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

CHARLES DARWIN


Há que dizê-lo: ninguém sabe patavina do que foi Darwin, do que teorizou e comprovou, do que realmente se trata e do que significa. Ah, evolução e tal. A origem das espécies, o homem vem do macaco e para lá caminha novamente (este acréscimo já é meu...) e tá tudo dito. Cantigas, meus amigos. Letra... O que safou verdadeiramente Darwin é ter-se tornado uma figura iconográfica, quase uma imagem de marca no mundo actual. A sua imagem fica na cabeça, é identificável e especial, corre mundo, é um ícone pop como Che Guevara ou Andy Warhol na sociedade actual. O resto pouco interessa à malta. É até uma certa ironia: o que levou Charles Darwin a sobreviver até aos dias de hoje, não foram as suas teorias ou trabalho científico brilhantes, mas simplesmente aquela testa careca, aquele sobrolho carregado e a peculiar barbinha.
Selecção Natural?! Até a selecção natural já não é o que era...
(espero que não levem a mal este pequeno devaneio)

manuel cruz

O MERGULHO DE REGRESSO

queria dizer que eu te amo
mas sinto sempre que eu só te chamo
e o que sobra são só saudades
estão na caixa das mensagens
no mergulho de regresso das imagens
que me levam e me trazem por momentos
até nós

versão cantada aqui
(ou como não consegui bilhetes para o concerto...)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Orlando Cachaíto Lopez

Um dia, há algum tempo atrás, de forma inesquecível, um tipo mostrou-me como se pode acertar magicamente o pulsar do coração pelas cordas de um contrabaixo. Foi Cachaíto Lopez. Dizem que morreu anteontem, dia 09. Eu acho que não, acho que continuará por cá, a zelar pelo batimento compassado dos nossos desafinados corações...

ATEUS por José Saramago

José Saramago escreve sobre religião e essa coisa da fé, como nenhum outro. Talvez por ser ateu... Mas do que fala, vai muito mais além disso. Transcrevo o último post do seu blog, simplesmente por ser brilhante e muito importante de ser dito nos dias de hoje.



By José Saramago

Enfrentemos os factos. Há anos (muitos já), o famoso teólogo suíço Hans Küng escreveu esta verdade: “As religiões nunca serviram para aproximar os seres humanos uns dos outros”. Jamais se disse nada tão verdadeiro. Aqui não se nega (seria absurdo pensá-lo) o direito a adoptar cada um a religião que mais lhe apeteça, desde as mais conhecidas às menos frequentadas, a seguir os seus preceitos ou dogmas (quando os haja), nem sequer se questiona o recurso à fé enquanto justificação suprema e, por definição (como por demais sabemos), cerrada ao raciocínio mais elementar. É mesmo possível que a fé remova montanhas, não há informação de que tal tenha acontecido alguma vez, mas isso nada prova, dado que Deus nunca se dispôs a experimentar os seus poderes nesse tipo de operação geológica. O que, sim, sabemos é que as religiões, não só não aproximam os seres humanos, como vivem, elas, em estado de permanente inimizade mútua, apesar de todas as arengas pseudo-ecuménicas que as conveniências de uns e outros considerem proveitosas por ocasionais e passageiras razões de ordem táctica. As coisas são assim desde que o mundo é mundo e não se vê nenhum caminho por onde possam vir a mudar. Salvo a óbvia ideia de que o planeta seria muito mais pacífico se todos fôssemos ateus. Claro que, sendo a natureza humana isto que é, não nos faltariam outros motivos para todos os desacordos possíveis e imagináveis, mas ficaríamos livres dessa ideia infantil e ridícula de crer que o nosso deus é o melhor de quantos deuses andam por aí e de que o paraíso que nos espera é um hotel de cinco estrelas. E mais, creio que reinventaríamos a filosofia.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A FOTOGRAFIA DE FERNANDO ASSIS PACHECO


Esta fotografia sempre me ficou na memória, de há alguns anos para cá. Há qualquer coisa nela que me atrai, uma certa meninice, uma ironia e ao mesmo tempo alegria de viver, neste homem. Sempre que lia na lombada de um livro da Assírio&Alvim em livrarias ou bibliotecas, o nome que lhe estava associado, Fernando Assis Pacheco, sentia uma vontade secreta de o abrir e rever aquele sorriso barbado, aquele manguito, aquela pessoa encostada à sua pasteleira. Há qualquer coisa nela de mágico que não sei explicar. Lembro-me vagamente de ver o Fernando de vez em quando falando na televisão, sabia algumas coisas sobre ele, muito poucas, percebo agora. Fernando Assis Pacheco morreu em 1995. Não sabia que tinha nascido em Coimbra. Foi actor do TEUC e do CITAC. Também não sabia.

Entretanto não resisti. Ao fim de muitos de anos, tive de trazer comigo para casa aquela fotografia: comprei a "Musa Irregular", livro que reúne a sua poesia e a respectiva fotografia. Penso que o Fernando veio também comigo, pelo menos um pouco...

SEM QUE SOUBESSES
Falei de ti com as palavras mais limpas,
viajei, sem que soubesses, no teu interior.
Fiz-me degrau para pisares, mesa para comeres,
tropeçavas em mim e eu era uma sombra
ali posta para não reparares em mim.

Andei pelas praças anunciando o teu nome,
chamei-te barco, flor, incêndio, madrugada.
Em tudo o mais usei da parcimónia
a que me forçava aquele ardor exclusivo.
Hoje os versos são para entenderes.
Reparto contigo um óleo inesgotável
que trouxe escondido aceso na minha lâmpada
brilhando, sem que soubesses, por tudo o que fazias.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

BILL MURRAY

Vi o Lost in Translation 3 ou 4 vezes, filme brilhante e enternecedor; tinha visto o Life Aquatic de Wes Anderson, para além dos GhostBusters, entre outros. E vi agora o Broken Flowers de Jim Jarmusch. E isso fez-me querer dizer que Bill Murray é magnífico. É um dos actores que mais admiro actualmente, e que considero simplesmente brilhante. Bill Murray entra nos filmes, com aquele ar de enfado, sendo muito propriamente ele mesmo e leva-nos em momentos maravilhosos. Aconteceu no Lost in Translation de forma inadjectivável, e acontece neste filme também. The Life Aquatic, sendo um filme tão especial e fora do comum, é um caso diferente, mas que não deixa de ser assinalável. Mas nestes dois que refiro, Bill Murray faz-me pensar que nenhum outro actor poderia fazer aquele papel, ninguém mais poderia estar no seu lugar. Simplesmente não ficaria bem, não faria sentido, não teria a densidade necessária, não daquela forma.

O humor de Bill Murray não é histérico, não é circense, nem sequer é tanto de "chavões" e piadolas, não é forçado nem idiota. É uma matéria menos óbvia e directa, mais profunda, mais subentendida, a que utiliza. Há um sarcasmo constante naquele olhar, naquela postura física, na forma de estar, há um humor algo negro e rebuscado que eu adoro, uma certa posição de crítica feroz e corrosiva mas silenciosa até da própria cultura americana em muitos dos seus aspectos, quase um cinismo latente. Pode-se dizer que é assim uma espécie de humor poético, romântico e naif nas manifestações (num simples encolher de ombros, num olhar distante e enfadado) mas complexo, plural e analítico na sua essência. E isso aparece e permanece, para além de todo o enredo, de qualquer argumento, e estabelece-se como uma entidade própria e individual. E é isso que o torna único e inatingível. Pode até dizer-se que isso é mau, porque o torna sempre igual, independentemente do contexto e do filme, e que não consegue ser diverso. Mas não é verdade, consegue mas não quer, não precisa. E há nuances, há pormenores, há mais uma vez, o que está para além do óbvio, a cada filme. Enfim, Bill Murray é genial, e provavelmente se me ouvisse dizer estas balelas, estaria já bem longe, com aquele ar de seca e desprezo por coisas deste tipo. Mas, no fundo o que quero dizer, e Bill se me estiveres a ouvir, aqui fica, é que Bill Murray é o MAIOR!! E é isso, tá dito.

Nota: Se entretanto quiserem saber algo sobre o filme, aqui por favor...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

RUSSIAN RED - Cigarettes

Magnífico...
Concerto próximo Sábado 14 Fevereiro, Festival Para Gente Sentada. Santa Maria da Feira