A propósito de Jogos Paraolímpicos, lembrei-me hoje duma história que tinha registado há uns tempos. Aqui fica...
"Hoje, ao ouvir a história de João Paulo, tomei conhecimento daqueles aspectos fabulosos e tão característicos da sociedade portuguesa, do vulgo Portugalinho. João Paulo está numa cadeira de rodas, tem menos de 30 anos, uma enorme vontade de viver e de conseguir coisas fantásticas para os deficientes com que contacta na associação desportiva onde jogam basquetebol. A propósito, segundo as entrevistas aos seus colegas de associação, quase todos são deficientes motores por terem sido atropelados. Só um pormenor, concluo eu... Como aquele Sr. que ficou 9 anos, sim 9 anos fechado em casa, simplesmente porque não tinha possibilidade de comprar uma cadeira de rodas para dali sair, nem ninguém que o ajudasse nisso... Outro pormenor, penso cá comigo. Mas o que mais ficou foi outra coisa ainda mais absurda. João Paulo, enquanto estava em casa, tinha por hábito falar com algumas pessoas através do chat do teletexto da RTP. Fez alguns amigos, segundo ele diz, e também encontrou uma namorada. Pois essa namorada conta como ele é uma pessoa maravilhosa, que faz tudo sozinho e que “só não anda. Ainda...” e nota-se-lhe o orgulho com que o diz. Mas a moça, bonita e dita “normal” conta também como muita gente não aceitou e não aceita o facto de ela namorar com um rapaz de cadeira-de-rodas. Conta como, incrivelmente, alguns amigos deixaram de lhe falar, de como na rua muitas pessoas deixaram de a cumprimentar, de como os olham de lado, de como dizem “Coitada, que pena. Lá vai ela com o deficiente. Ainda tão novinha, e bonita...” e coisas do género. É incrível, mas os portugueses conseguem este feito de discriminar, marginalizar, censurar pessoas “normais” que possam namorar, casar, amar, meu deus, amar deficientes. Confesso que fiquei parvo quando ouvi isto, e ainda não concebo nem consigo classificar tamanha possibilidade. Estou demasiado incrédulo para dizer o que quer que seja, mas é impressionante que este país ainda tenha primitivismos desta envergadura. 01/02/08"
Porque hoje em dia, essa coisa dos "Direitos Humanos" tornou-se num slogan fácil e moralista, que nos sai de rajada contra países como a China, tão defensores que somos dos mesmos. Depois, por trás dos bem falantes indignados, aparecem estas "coisinhas" mostrando que o atraso mental ainda é a nossa grande deficiência enquanto povo...
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