terça-feira, 14 de junho de 2011

Restaurante Mãe d'Água - Bombarral

O restaurante vem referenciado no guia "Boa Cama, Boa Mesa" e a descrição era convidativa: o facto peculiar de ter sido um antigo armazém de câmaras frigoríficas de pêra rocha agora transformado em restaurante, era quase um magnético chamariz. Apesar da localização não parecer corresponder, perdido que está na localidade de Sobral do Parelhão, Carvalhal, mesmo colado ao Bombarral, estando por essas bandas, decide-se arriscar... Por entre vinhedos e pereirais, terras cultivadas de verde dedicado, abre-se o apetite. Do Bombarral se segue em direcção a Óbidos, e logo à frente numa giratória rotunda, se corta à direita para o Carvalhal, onde a placa indica e não engana que estamos já perto da "aqua mater" ansiada. 
Numa ligeira subida, ladeado por algumas casitas, lá aparece de frontispício altaneiro, o templo que buscámos.

Dia de semana, uma quarta-feira, passando das 21h, o risco era de facto grande. Mas a quantidade de carros e um grupo de aparentes comensais à porta, ali perdidos, foram o empurrão decisivo para mergulharmos de cabeça. Assim que se entra, um pequeno espelho de água com o nome do restaurante, envolvido em pedra mármore, e via de sentido único, as escadas mesmo de frente, levam-nos até ao patamar de cima, desaguando no balcão da casa, e mesmo no centro da sala de jantar. O impacto é magnífico, uma sala grande, com um pé direito impressionante, de pedra rústica, janelas altíssimas que dão para o vinhedo, terminando num tecto de traves de madeira. Uma sala perfeita, um espaço acolhedor, muito elegante e requintado, sem ser snob ou desconfortável. Decoração sóbria, armários de madeira (daqueles das mercearias antigas) com alguns vinhos da carta, e alguma loiça, um sobreiro só com os ramos, com luzes como folhas. Na parte de cima do balcão ainda aparece outra sala, uma espécie de mezzanine com menos mesas, com vista elevada de todo o espaço. A sala está cheia, mas tranquila, enfim, a ambiência ideal para um esplêndido repasto. O acolhimento é afável e muitíssimo simpático, e pelas reticências na escolha, quase todos os pratos são descritos ao pormenor. A carta é original, não vai em modas ou lugares-comuns, nota-se o cuidado em fazer diferente, em se distinguir mesmo sem concorrência aparente. Bastantes opções, quer no peixe quer na carne, optamos por um "Esparguete com Amêijoas" (14€) e "Bife da Vazia com Molho de Pimenta" (10,50€), para simplificar. Queijinho de Nisa e pão de qualidade como couvert; empadinhas e paté de marisco e atum (julgo eu, porque devolvemos à procedência estes últimos).

 O esparguete vem em prato largo, cuidadamente apresentado, com alguns canónigos, quartos de limão em torno, e as amêijoas com o verde dos coentros picados. Estava magnífico, simples e delicioso. O esparguete cozido no ponto (parece simples, mas poucas vezes acontece), envolvido por amêijoas deliciosas, abertas simplesmente à Bulhão Pato, com os sabores todos lá, ligeiramente picante, com o fresco dos coentros, e o marisco com cozedura breve idealmente temporizada. Perfeição é a avaliação correcta deste prato.
De seguida, o bife da vazia. Carne de excelente qualidade, cozinhada no ponto, tenra e suculenta, com um molho de natas e pimenta rosa, muito suave, leve, sem ter ensopado a carne. Revela mestria na cozinha e confirma a qualidade dos ingredientes, a simplicidade na sua transformação, segredo difícil de alcançar desta forma. Acompanhado com batata frita "pála-pála" ou dita "chip" caseira e um delicioso esparregado de nabiças. Tudo perfeitamente conseguido e equilibrado. 
Das várias opções de sobremesas, acabámos por escolher um leite-creme caseiro (3€), mais uma vez muito bem feito, num prato diferente do habitual, para um final em beleza.

Quanto à carta de vinhos, é extensa, e felizmente com grande destaque para os vinhos da região, apesar de referências de todo o país. O Prova Régia Arinto&Chardonnay 2007 da Quinta da Romeira (Companhia das Quintas), um branco fresco e mineral, acompanhou como uma luva toda a refeição, com preço justíssimo (12,50€). Servido na temperatura ideal, colocado em frapé na mesa, copos correctos. (prova detalhada aqui)

Enfim, uma refeição inesquecível, sem mácula, sem falhas, com comida de grande qualidade e sem rodeios, elegantemente simples e sabiamente confeccionada, num espaço único e que justifica plenamente uma visita, por desvio ou mesmo por romaria propositada. Serviço simpático, familiar, do melhor que já vi. Preços perfeitamente aceitáveis e correctos para a qualidade. Altamente recomendado.

Mãe d'Água é por definição, uma nascente ou reservatório de água de onde sai para ser distribuída por canais secundários. Aqui estabelece-se como reservatório de comida e gastronomia nacional de grande valor e identidade. Que assim perdure, intocável...

Restaurante Mãe d'Água
Sobral do Parelhão
Rua 13 de Maio 26
2540-467 CARVALHAL

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Vinho Verde, a pomada do Verão!

Da Adega Cooperativa de Ponte da Barca, essa belíssima localidade, este é um verde fantástico.

Vinho maravilhoso. Fresco, mineral, frutado. Um vinho muito elegante, leve e com aromas vincados de citrinos e papaia. Cor muito suave, límpida e jovem. O paladar denota claramente um domínio de citrinos, mas muito bem equilibrados e saborosos, com a acidez no ponto. Este vinho, nesta versão de Meio Seco, é fantástico. Muito, muito agradável e com um preço simplesmente fenomenal (1,99€), que o tornam uma aposta fantástica para o Verão. Ideal para comidas mais leves, uns camarões com maionese e limão, tártaro de salmão, ceviche, ostras, etc. que ligarão na perfeição com a acidez citrina e equilibrada do vinho.
Altamente recomendado, para que comecem a preparar o Verão como deve ser...

mais info aqui

quinta-feira, 2 de junho de 2011

1,2,3 clear... choc.

Tentarei reactivar o Livro de Assentar. É a segunda reanimação, agora com choques eléctricos...

Fiquei curioso, ao perceber a nova secção do blogger em que aparece a estatística do blog, e é espantoso. Não tinha ideia que ainda tinha tantas visitas (mesmo sem escrever nada há muito tempo, 200 visitas mensais em média).
E dá para saber até de onde vêm para aparecerem aqui.
E fiquei muito contente, por saber que o meu post com maior número de visitas de sempre é este:

E das duas uma, ou o livro é para muita gente uma obra-prima (como para mim...) ou há muito pouca informação na net sobre ele, e vem tudo parar aqui.
Seja como for, gostei.

A utopia das Cores (do fundo do baú...)

Zacarias, o Zepelim amarelo
Expelindo uma fumaça multicor
Atravessa o céu, verde de raiva.

Martins, o Cavalo escrivão
Logo espreitando a zunideira
Empurra os óculos para perto da cara
E eloquente:
- Aquele Chico não endireita!

Ali, toda a gente sabia.
Chico, o Macaco gasolineiro
Sempre tinha uma mania sem emenda
E dava em atestar com latas de arco-íris
Em vez de gasolina.

Osvaldo, o velho Mocho
já sentenciara peremptório:
Chico era um utópico da cor!

30-10-2007