sábado, 27 de junho de 2009

Lu e Vieira

A Luciane (com "e") é provavelmente a amiga mais antiga que mantenho até hoje. Mais antiga não, porque não fica bem; menos recente, digamos assim... Aterrou esta brasileirinha vinda do Rio de Janeiro, andava eu ainda na escola primária, e por sorte ou azar, a professora D. Amélia decidiu que seria eu o companheiro de carteira da brazuca. E da odisseia do gato Tareco, dos toques do sino da Capela de Campos, entre outras aventuras, até hoje, ficou uma profunda amizade que podia quase ter sido mais, nas palavras de outra professora, de seu nome Gertrudes... O Vieira veio por arrasto, mais tarde mas ainda a tempo suficiente de vivermos muita coisa e de construirmos uma amizade alegre e sincera, como deve ser. Até hoje, também. Deles, como casal, retenho o respeito e compreensão, a cumplicidade que deve existir para que tudo o resto resulte. Eles decidiram, está decidido. Casam amanhã, mas apesar disso, acredito e desejo que possam ser muito felizes. ;)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Banksy versus Bristol Museum


Aqui está uma coisa que gostaria de ver. Banksy, o Jorge Jesus da street art, que por sua vez é a Paula Rego do futebol, invade o Museu de Bristol, a sua aparente terra natal, numa exposição que parece simplesmente magnífica: Banksy versus Bristol Museum
“Esta é a primeira exposição que alguma vez fiz em que o dinheiro dos contribuintes está a ser usado para pendurar as minhas imagens em vez de ser para as limpar

noticia aqui e fotos aqui. vídeo aqui

votar nestes partidos é lamentável, mas também...

Critica-se a sociedade portuguesa pelos 67% de abstenção nas eleições europeias, mas se um gajo vota duas vezes, é acusado de crime... 
tá certo.

Tasca Beat, OQUESTRADA


O disco "Tasca Beat" dos OQUESTRADA, o segredo mais bem guardado de Portugal. Uma banda que tem andado por aí, há vários anos, entre salas de Paris e ruas lisboetas, decide agora gravar um disco. Um disco formidável, boa onda, com uma musicalidade curiosa e muito própria. Uma música onde tudo se mistura, tudo se encontra, com toques de Kusturica a Alfredo Marceneiro. Um acordeão desgarrado, uma guitarra portuguesa numa nova perspectiva e modo de tocar, uma "contrabacia", uma voz cativante. Até uma versão genial do "Killing me Softly" dos Fugees, em jeito de Yann Tiersen. Um disco altamente recomendado, a preço de amigo, que é sobretudo um exercício de profunda liberdade cultural e artística.

site aqui
a fotografia é do magnífico Rui Palha 

domingo, 7 de junho de 2009

www.bandalarga.paraopovodecastanheiradovouga.pt

É tradição antiga em Portugal que as eleições sirvam de forma de protesto para populações esquecidas e ostracizadas, aproveitando o palco mediático para fazer valer os seus direitos e divulgar as suas angústias. Desde os costumeiros e saudosos pedidos de subida a concelho por algumas povoações, numa justiça que mereciam pelo grau de avanço, de que Canas de Senhorim é o paradigma mais visível e carismático, até ao reivindicar de coisas básicas como saneamento, obras na escola, centro de saúde, transportes e afins, tudo se foi reclamando desde tempos imemoriais. Mas desta vez, há que dizê-lo, Castanheira do Vouga fez história. Assistimos hoje a um pequeno boicote às eleições por populares não identificados, indignados pela ausência intolerável e desumana na localidade dessa coisa a que chamam banda larga! Sim, pasme-se. Como se pode ler no cartaz do protesto, as criancinhas de Castanheira do Vouga, não têm acesso ao famoso Magalhães. Fico sem palavras... Não sei se é pelo facto de serem eleições europeias, não sei, mas que este é um país evoluído ninguém pode negar!!! Isto é de um pós-modernismo comovente. Ainda assim, povo de Castanheira do Vouga, deixai que vos diga, em boa verdade, não sabeis vós no que vos ides meter e o que estais a chamar para a vossa presença. É que isso da banda larga é um cabo das tormentas, que nem o "Magalhães" vos levaria a dobrar. Vão por mim, que isto das coisas modernas e tecnologias de ponta em Portugal são uma dor de cabeça, e são coisas que funcionam bem, mas só lá nas Europas... 

notícia aqui e reportagem aqui

sábado, 6 de junho de 2009

Obama no Cairo, por João Lopes

Porque vale mesmo a pena, transcrevo o post de João Lopes na íntegra.

"O discurso de Barack Obama no Cairo (4 de Junho de 2009) foi tratado nas nossas televisões com a mesma técnica de soundbytes aplicada para abordar as eleições no Sporting. Eis uma opção que, de forma inequívoca, transporta uma visão do mundo e define um modelo de responsabilização jornalística. Por certo, tudo o que se noticiou era verdadeiro — mas a verdade é escassa...Não devemos, por isso, ter medo de formular um juízo de assumida pompa e circunstância: as palavras do Presidente dos EUA, para além de constituirem um prodigioso exercício de ética e política, definem também uma data nas relações dos EUA e, genericamente, do chamado mundo ocidental com o vasto mundo do Islão. Aconteça o que acontecer nessas relações — nomeadamente nas formas de coexistência de israelitas e palestinianos —, haverá sempre um pré e um pós que encontram neste discurso um momento charneira.
Recordando a sua experiência pessoal, Obama disse:>>> (...) Conheci o Islão em três continentes antes de vir à região onde foi revelado. Essa experiência justifica a minha convicção de que a colaboração entre a América e o Islão deve ser baseada naquilo que os Islão é, não naquilo que não é. E considero parte da minha responsabilidade enquanto Presidente dos Estados Unidos lutar contra os estereótipos negativos do Islão onde quer que eles apareçam.<<daqui

terça-feira, 2 de junho de 2009

O Imperium segundo os La Fura dels Baus

O espectáculo dos La Fura dels Baus é arrepiante, como sempre. Imperium foi o terceiro espectáculo deles a que assisti e é bom verificar que continuam profissionais sérios e coerentes no seu trabalho. É um espectáculo que envolve o espectador como nenhum outro, em jeito de coro grego, que o faz sofrer, agoniar e tremer muitas vezes, pela dureza e capacidade que os seus "actuantes" têm de transparecer como muito real aquilo que estão a representar. As suas caras, expressões, a sua postura física e presença espiritual é perfeita e encarnada como algo muito sentido.

 E continuam a obrigar-nos a nos confrontármos com a nossa própria realidade enquanto humanidade e a estarmos atentos à nossa evolução enquanto tal, dando-nos um retrato fiel e pouco assumido por outros, da nossa natureza (des)humana. Como eles próprios dizem, Imperium (e eu diria, todos os espectáculos dos Fura) põe em dúvida e análise a ideia de progresso e evolução, a ideia de que a humanidade avance necessariamente melhor...  
Um espectáculo altamente recomendado, e quando tiverem a oportunidade não hesitem porque assistir aos Fura del Baus é fabuloso e inesquecível e nunca nos deixa indiferentes.

Andámos quilómetros no meio da multidão, fugimos, levámos encontrões, tivemos medo, molhámo-nos e suámos numa experiência única, que nos faz sentir vivos e afinal humanos...

site do espectáculo com vídeos e imagens aqui