domingo, 30 de novembro de 2008

Aurora - Yamandú Costa

Yamandu Costa é o mais brilhante guitarrista do Brasil da actualidade. Violão de 7 cordas, que parecem multiplicar-se por outras tantas, onde mistura estilos diversos desde o típico Choro e a Bossa Nova mas também Milongas e Tangos argentinos, conseguindo sintetizar na sua guitarra a musicalidade completa daquele continente. Impressionante mesmo é o tamanho daquele braço de guitarra e a "aranhice" frenética e delirante da mão esquerda. Esse é gaúcho memo!

Coisas Estranhas

É impressionante que por causa de uma planta (hortelã) a mulher do hortelão tenha de se chamar horteloa... Enfim, já não há respeito.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Igreja Católica na senda da modernidade

"Vaticano converteu-se à energia solar"
O Estado do Vaticano converteu-se hoje à energia solar com a inauguração da sua primeira instalação de energias “limpas” no telhado da moderna sala Paulo VI, a dois passos da basílica de São Pedro. in Publico

Para o próximo ano parece que já vão instalar máquinas de preservativos e tudo...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

"dias não são mais que a intermitência com que abro e fecho os olhos."
valter hugo mãe in "Estou escondido na cor amarga do fim da tarde"

Vinho BSE 2007 - JMF

Pra variar um pouco os temas, havia que se dizer isto sem medo: GRANDE POMADA!! Não se confudam com outras designações mais "espongiformes", esta é mesmo BSE de Branco Seco Especial... Na minha recente incursão pelos vinhos brancos, experimentei esta maravilha de vinho, bastante referenciado mas que nunca tinha "debicado". Altamente recomendado, da zona de Azeitão, mítica casa José Maria da Fonseca, um vinho suave, frutado, leve e maravilhoso... Produzido desde 1947! Um prazer que vai muito bem com o Outono.

Branco Seco Especial 2007
José Maria da Fonseca
Terras do Sado, Azeitão
(3,08€)

"A penicilina cura os homens, mas é o vinho que os torna felizes." Alexandre Fleming

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

12º FESTIVAL CINEMA LUSO BRASILEIRO SANTA MARIA DA FEIRA

Está aí mais uma edição do Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira. É a 12ª edição do festival, um dos mais importantes e interessantes do país, posso dizê-lo, da responsabilidade do Cineclube da Feira. Pela qualidade do programa que apresenta, mais alternativo e pouco acessível ao público em geral, sempre muito bem estruturado e pensado, com enorme qualidade e uma escolha de filmes coerente. Apresenta curtas, longas, retrospectivas de carreira (este ano o realizador escolhido é Bruno de Almeida, do recente The Lovebirds, para além dos filmes dos Enapá2000 e Candidato Vieira que serão apresentados entre outros), homenagens, conferências, e com a presença de muitos dos realizadores e actores em causa. Um trabalho magnífico e que deve ser muito elogiado e divulgado (sobretudo numa localidade como a minha terra natal...) que se tem tornado uma referência nacional, e com grande potencial para crescer. Recomenda-se vivamente. Já a partir de 29 Novembro e até 7 Dezembro, sempre no auditório da Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira. Site com toda a informação aqui.

domingo, 23 de novembro de 2008

As Escolhas de Vitor Constâncio

Ao que parece, Vitor Constâncio foi já assistir ao mais recente êxito de Fernando Meirelles, "Ensaio sobre a Cegueira" baseado na obra de José Saramago e consta que terá adorado o filme. "Gostei muito. Uma história brilhante. Senti-me totalmente identificado com aquelas pessoas, aquela cegueira total e limitante, aquela carga dramática duma realidade que parece um pouco o nosso dia-a-dia lá no Banco de Portugal." Quanto aos livros, Constâncio acrescentou que começou há dias um livro de crónicas magnífico de Dráuzio Varela, "Por um fio". "É como me sinto agora no meu cargo..." remata ele.

A Atenção à Portuga

Dias Loureiro, como é muito honesto, afirmou que avisara já em 2001 o vice-governador do Banco de Portugal para "ter uma atenção especial" para com o BPN. O senhor vice-governador já veio desmentir dizendo que ou está a fazer confusão com a pessoa ou está a mentir. Enfim, penso que tudo não passa de falta de acerto numa mesma perspectiva e verdade. Dias Loureiro não mente ao afirmar que foi pedir uma "atençãozita especial", tendo em conta quais são estas "atenções" tão à portuga, que seria a de deixar de andar a chatear os senhores banqueiros na sua vidinha de corrupção tão inocente e normalíssima. E quanto a isso ninguém tem dúvidas, parece que a "atenção especial" até estava a correr bastante bem... mas agora, agora teve mesmo de ser. E há que admitir, 7 anos até deram para bastante folia!
(Ou isso ou apenas estava a dar-me uma certa coceira não ter qualquer post sobre o BPN..)

sábado, 22 de novembro de 2008

Life & Google

Google e a revista Life estabeleceram uma parceria para disponibilizar online o arquivo fotográfico da mítica revista, contando com mais de dez milhões de fotografias, muitas delas de momentos históricos cruciais e de fotógrafos emblemáticos. Para já, apenas 20% estão digitalizadas, mas é um verdadeiro regalo. Comecem com estes 20%...
foto de Alfred Eisenstaedt

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

luso-desfasamento crónico

Não me entra na cabeça como, tendo nós esta Ministra da Educação há tanto tempo, só agora nos vêm preparar para tal...
Ainda por cima, parece que amanhã (Sábado) é que surgirão as piores situações. Não me digam que a Manuela também vai falar outra vez!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

6 Meses?!

A meu ver, a posição de Manuela Ferreira Leite, com a sugestão de suspender a Democracia por 6 meses, que tanta polémica tem causado, teria uma enorme vantagem, que nos está a escapar e que seria maravilhosa, que seria a de acabar com os partidos políticos, todos sem excepção. Vistas bem as coisas, 6 meses parecem-me honestamente pouco tempo...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

FOI FEITIÇO?! André Sardet

Uma das músicas mais tocadas nos últimos anos, talvez mesmo de sempre, foi a excelente balada de André Sardet, “Foi Feitiço” de seu nome… Um tema, letra e música bastante melosas, à boa maneira do rapaz coimbrão, que tocava incessantemente em todas as rádios, todos os sítios onde entrava, e cantada por milhares de entusiastas, casais apaixonados, enfim… numa ligeira náusea que já me provocava (e estou a ser meiguinho!). Sempre houve ali algo que me intrigava e me causava estranheza. Há já algum tempo decifrei o mistério, mas nunca o havia explanado devidamente. Passo a fazê-lo agora…
A musiquinha começa assim:
Eu gostava de olhar para ti
E dizer-te que és uma luz
Que me acende a noite
Me guia de dia e seduz.
Quatro versos plenos de romantismo, um início de dedicatória profundo e pegando na luz como metáfora para o amor, para a paixão que se quer expressar. Mas é evidente, se é uma luz tão forte e intensa, não conseguimos olhar para ela, como se descreve no primeiro verso, o que no mínimo…é pena.

Logo depois, continua:
Eu gostava de ser como tu
Não ter asas e poder voar
Ter o céu como fundo
Ir ao fim do mundo e voltar.
Aqui evoca-se a alma livre da pessoa em causa, a divinitas, o ser que está acima do comum dos mortais, num patamar acima de quem a ama e diviniza, aquela que voa mesmo sem asas, que tem o céu como fundo, que vai ao fim do mundo e volta, uma entidade realmente superior. Ou então, já estou a especular, talvez seja simplesmente uma hospedeira de bordo, o que explica a descrição…

Eu gostava que olhasses para mim
E sentisses que sou o teu mar
Mergulhasses sem medo
Um olhar, um segredo
Só para eu te abraçar.
Aqui, há muito pouco a dizer, continua “a gostar” mas agora que ela olhasse para ele, que o visse, enfim que correspondesse ao sentimento. E pronto, mar rima com abraçar e olhar, medo rima com segredo como podia rimar com penedo ou segafredo; tá feita mais uma quadra “para encher”.

Deixei propositadamente para o fim o refrão, porque é aqui que reside o verdadeiro motivo desta análise e da tal estranheza que sempre me suscitava este “feitiço”.

Reza assim, como todos saberemos de cor e salteado:
Eu não sei o que me aconteceu
Foi feitiço
O que é que me deu?
para gostar tanto assim de alguém
Como tu.

Então o rapazito faz uma letra de amor, romântica, cheia de lamechice e versos lindos, para depois ter um refrão, ainda por cima repetido à exaustão, em que não sabe (e estou a citar!!) o que lhe aconteceu, o que lhe deu?, para gostar tanto assim de alguém como ela. Se isto tem alguma lógica, vou ali ao fim do mundo e já volto… Quer dizer, és uma grande abécula, uma avantesma, um mono, asquerosa e desprezível, que nem chego a perceber como posso gostar tanto assim de alguém como tu. E o que faço? Escrevo uma balada de amor, onde digo isso com todas as letras no lugar mais destacado da música – o refrão. E pior, ponho Portugal inteiro a alinhar nisto e a cantar comigo em coro. Meus amigos, é de mim, ou anda tudo maluco?? Já sei, deve ser feitiço!

domingo, 16 de novembro de 2008

Coisas Estranhas...

Vi, na baixa de Coimbra, um português a vender o Borda D'Água.

sábado, 15 de novembro de 2008

JORNA por João Paulo Guerra

Não resisto a divulgar aqui a excelente crónica de João Paulo Guerra. Simplesmente brilhante e pertinente... Comparem isto aos clandestinos africanos que tentam a todo custo entrar em Espanha e Itália, nos seus botes de brincar, e seus fins tantas vezes dramáticos, que tanto nos chocam. Pensem de onde vêm eles, da realidade e condições a que fogem. Depois pensem nos outros, os desta crónica e de onde vêm. Digam-me agora, que é isso do "terceiro mundismo"??

JORNA (João Paulo Guerra)
Uma vez por outra, os jornais abalam a sonolência portuguesa publicando notícias com ilustrações brutais de acidentes de viação em que portugueses perdem a vida nas estradas de Espanha.
SÃO QUASE SEMPRE HOMENS, viajando em grupo, amontoados em carrinhas fechadas que circulam a alta velocidade de noite e pela madrugada. De vez em quando, uma dessas carretas lá se espatifa contra um camião, ou desaba por uma ribanceira, arrastando vidas humanas. Na quinta-feira passada foram mais seis vidas de uma só vez. Este ano já morreram 18 em circunstâncias semelhantes. Nos últimos cinco foram 44.
Em geral, os leitores ficam porém sem saber que faziam aqueles homens, no local e à hora errada e em que circunstâncias viajavam entre Portugal e Espanha. Seriam excursionistas, novos peregrinos, aficionados a caminho ou de regresso de uma corrida de toiros? Nada disso. São quase sempre trabalhadores submetidos à mais aviltante das relações laborais, os contratados das novas praças de jorna que arregimentam a mão-de-obra mais precária e desprotegida do mercado do trabalho.
As velhas praças de jorna não foram uma criação literária do neo-realismo. Existiram nos anos 30 e 40 do século passado, em pleno fascismo, às portas de Lisboa, no Ribatejo e Alentejo e pensar-se-ia que a evolução social da Humanidade e até mesmo do país tivesse acabado com tal aviltamento. Mas não. Há novas praças de jorna, com essa ou outra designação, e com tanta pobreza e desemprego é pegar ou largar.
Estes homens, que viajam como gado e morrem como tordos, só chegam às páginas dos jornais cobertos por um lençol na berma de estrada. Toda a gente sabe que existe essa modalidade de arrebanhar e transportar mão-de-obra. Mas a classe política e os pregadores situacionistas têm coisas mais nobres com que se preocuparem.
«DE» de 10 de Novembro de 2008

Terá começado a deserção?



João Ubaldo Ribeiro assinou contrato com as Edições Nelson de Matos para a publicação da sua obra literária a partir de agora... Ora, João Ubaldo Ribeiro estava na Dom Quixote (por acaso, ou não, criada e fundada pelo próprio Nelson Matos...), que como se sabe foi uma das editoras "fagocitadas" pelo potencial monopolizador grupo Leya.
Na altura das "compras" e anexações de editoras como esta, a Caminho, a Casa das Letras, a Asa, e por aí fora, a polémica surgiu pelos perigos que poderiam advir da lógica best-seller que se poderia instalar, com hesitações de autores como Lobo Antunes e Saramago (pertencentes à D. Quixote e Caminho, respectivamente). Creio que nesse tempo, houve precipitação como ainda acho, já que ninguém seria tão burro ao ponto de as comprar para as tornar iguais, coincidentes, mas sim apostando na sua diversidade e dos seus autores como opção mais lógica e provável.
Mesmo assim, penso que será um sinal esta decisão de um primeiro autor que deixa a D. Quixote ao fim de tantos anos, e tenho cá uma impressão que muitos outros lhe seguirão os passos, mais cedo ou mais tarde... Porque, como já ouvi alguém dizer, há uns que estão cá para fazer livros, e com isso, por acaso, ganhar dinheiro, e há os outros que estão cá para...fazer dinheiro.
É que a montra das grandes editoras pode até ser bonita, mas talvez a essência não seja essa, mas sim tudo o resto...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

os leques amarelos do oriente

O Outono chegou ao Jardim Botânico de Coimbra... Vão lá visitá-lo!! Ou a outros jardins por onde ele anda...
(folhas de Ginkgo Biloba)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A Escola do Paraíso - José Rodrigues Miguéis

Terminei A Escola do Paraíso de José Rodrigues Miguéis, primeiro livro que leio deste autor, e devo dizer que é uma pena só agora o ter encontrado. Gostava de o ter lido há uns bons anos atrás, só teria ficado a ganhar, por tudo o que invoca e acrescenta à nossa existência e à sua constante construção. Um romance deslumbrante, que acompanha a vida e aventuras de um petiz, o terno Gabriel, pelas ruas e vielas de Lisboa, e atalhos e percalços da vida e do desenvolvimento da identidade pessoal.
Recria o universo infantil de forma tão completa, tão exacta, que chega a ser assombroso como o autor consegue regressar aos anos da inocência, os anos de ouro como lhe chama, como atinge aquela linguagem simples, directa, inocente, quase como uma "regressão espiritual" e consegue escrever como quem pensa e vive enquanto criança. Até agora não consigo perceber como o conseguiu de forma tão correspondente, daí o assombro!
Escreve na terceira pessoa, mas quase sempre no Presente; confunde-se, mistura-se, dilui-se ele próprio (autor) na vida daquele personagem, e vão convivendo lado a lado, ao mesmo tempo dois e um só, e consegue-o de um modo tão ténue e subtil, natural, com enorme genialidade. Depois, é um livro que tendo um fio condutor, tem quebras, quase como um mero alinhamento cronológico de passagens entrecortadas da vida do Gabriel e sua família, e vai seguindo, como pequenos contos interligados mas independentes e autónomos, que se juntam para constituirem este romance, o que é também altamente original e diferente do que li até agora.
É um livro magnífico, ainda mais passando-se em Lisboa, no período imediatamente anterior à Instauração da República, e logo após a mesma, e que remete (para quem lá viveu) para o espaço e vivência muito própria e característica das ruas e gentes da cidade, mesmo que num período algo distante, e caracteriza-a genuinamente e de forma encantadora. Gabriel é o mais pequeno, personagem central; tem uma irmã, Águeda; um irmão, Santiago (o mais velho dos três); pai e mãe, os avós paternos galegos, e mais uns quantos tios e primos, dos quais se destaca a figura e personagem incrível do tio Amândio, o Boi-do-Val'.
José Rodrigues Miguéis é mais um daqueles escritores geniais que Lisboa criou, na linha de Dinis Machado, José Cardoso Pires, Mário Zambujal (ainda que de uma geração anterior), mas insere-se nesta escrita densa, alegre, arejada, bem-humorada, humanizada e vivenciada, recorrendo muitas vezes a termos e expressões típicas e esquecidas, descritiva de costumes e personagens como nenhuma outra se iguala na nossa literatura, sendo que JRM atinge um nível e diversidade de vocabulário ainda superior e consegue uma beleza raríssima e singular, um encanto mágico adicional que ainda não tinha encontrado, em algumas passagens e situações que cria, e que comovem profundamente pelas ideias, palavras e sentimentos que abarcam. Um livro encantador, altamente recomendado, e um autor que continuarei a descobrir.
Aqui ficam alguns pedaços que tirei...
"Senta-se no muro do tanque, todo coberto de líquenes e musgo, e era capaz de ficar horas a ouvir a caleira de pedra a despejar brandamente a água da nora, e a olhar o tremor da superfície onde brincam alfaiates, glissando como hidroplanos, os limos de veludo molhado, o fundo verde-escuro que o atrai, os reflexos da latada, das nespereiras e do céu. Só não tem peixinhos. Mas há tira-olhos, azuis e encarnados, que voam rente à água, não fazem mal à gente."
"Há no Circo, como no Amor, uma tristeza de impossível."
"Foi quando, da calma da noite e da rua - como um trovão subterrâneo que anuncia o sismo, ou o marulho duma vaga de fundo em plena calmaria - se ergueu de repente um confuso clamor e tropel alarmante, que em rápido crescendo se veio aproximando e definindo."
"Mas a fantasia prolonga e repete esses momentos em duração, como um tema musical persistente: com esta tendência, tão nossa, a deixar que os instantes felizes ofusquem, em retrospecto, todos os anos e dias infindáveis de monotonia e frustração."

domingo, 9 de novembro de 2008

PATRÍCIA ROQUE

Há uns dias estive na Casa Cultura de Coimbra e deparei-me com uma exposição magnífica de Patrícia Roque. Não conhecia o trabalho, fiquei encantado.. Desenhos maravilhosos, com enorme intensidade e universos muito próprios, imagens e ideias densas, complexas e fortes. Fica aqui o site e o myspace da artista, por acaso mesmo de Coimbra... Porque a exposição, essa já terminou... Aqui fica um cheirinho.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

mr obama, ou segundo berlusconi, o homem que anda sempre bronzeado...


Um novo movimento, uma nova energia, uma "boa-onda" que surge, um futuro animador.
Esperemos agora que tudo não se torne um constante "YES, WE COULD..."

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Acomodou-se à vida como a um casaco de mangas compridas
que inevitavelmente se tornaram
ridiculamente curtas...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A última Estucada

George W. Bush termina da melhor forma o seu mandato. Como se pode ver aqui.. Os seus amigos industriais agradecem, e é doloroso de tão nítida e descarada a "coligação" mafiosa que manteve até ao último momento, sem um pingo de escrúpulos. De falta de coerência, lá isso, não o podemos acusar. O personagem ficará para a história, como uma das piores catástrofes que o mundo viveu, e o mais triste, é que nem isso ele merecia...

domingo, 2 de novembro de 2008

"A Vida num Sopro" ou a "Literaturazinha"

José Rodrigues dos Santos lançou mais um romance, e como sempre, num tom ligeiramente convencido e com laivos de grande escritor e "homem das letras" lá foi dizendo numa entrevista que li outro dia, que "Os meus romances são muito meus. Não conheço nenhum autor que escreva os romances como eu os escrevo."
Já há algum tempo lhe ouvira dizer no mesmo tom habitual, e deixar bem claro, que era ele (e não Sousa Tavares) o escritor que mais vende actualmente em Portugal, revelando os números que não deixavam margem para dúvida (ou como diria George Bush "Make no mistake..."), como se de uma bandeira e aspecto crucial se tratasse, que tudo diz sobre o que é "um verdadeiro escritor". Pois, devo dizer que os livros de JRS reflectem um pouco os tempos que correm.. Histórias e enredos sensaborões, escritos de forma "normal" e simples.
JRS não é um grande escritor, fique bem claro. Está longe de o ser; É apenas mais uma pessoa que escreve livros. Os livros que escreve conseguem agarrar o leitor sobretudo pelas peripécias que consegue criar, e mérito lhe seja dado, denotam uma aprofundada pesquisa e trabalho sobre vários temas nem sempre acessíveis, mas não passam disso, de livros normais. Aliás, quando tenta revelar-se um bom escritor, quando arrisca alguma descrição ou devaneio mais criativo, borra a pintura, cai na banalidade, no lugar-comum, no foleiro que quer ser belo, no simplório que anseia ser genial, e chega a ser ridículo e naive nalgumas passagens..
JRS não passa disso, de mais um que escreve livros, calhamaços de ler e deitar fora, descartáveis como qualquer notícia que hoje apresenta, e que usamos sem agitar num mundo directo e imediato que existe actualmente. Muito ao jeito da vaga "Dan Brown" que por todo o lado se instalou, em livros que têm de ter mais de 500 páginas (como um pré-requisito que atesta da qualidade, na regra estereotipada e enganosa "livro grande=grande livro"), pitadas de suspense, misticismo e ciência sensacionalistas, e que infelizmente são os únicos que fazem as grandes montras das livrarias actuais, beneficiando de poderosas campanhas de marketing, e tornando o livro que se vende actualmente, sobretudo e apenas mais um entretenimento fácil e demasiado óbvio como tantos outros que criámos (o que vai contra o sentido que tinha e lhe era dado até agora...).
É precisamente um dos grandes equívocos deste senhor, achar que por vender milhares, tem um valor superior ao que realmente tem, e poder comparar-se com verdadeiros artistas da palavra, da língua, da magia e do encanto da escrita genialmente criada e alinhavada...
António Lobo Antunes já deu a sua opinião sobre o novo livro, não indo além de que "é uma grande merda, num país onde todos são escritores" e que fica "assombrado com pessoas que escrevem livros em dois meses".
Pois é precisamente Lobo Antunes, nem de propósito, que recordo em algumas linhas que guardei no meu caderninho há alguns anos, e que se aplicam melhor que nunca e sintetizam o que sinto:
"Em regra só os artistas medíocres dizem coisas interessantes e tenho uma desconfiança instintiva dos verbosos, dos fluentes, dos engraçados, dos que dissertam, sem pudor, acerca do seu trabalho."